Berlusconi diz que não vai disputar possível eleição antecipada na Itália

Premiê, que perdeu maioria parlamentar, anunciou na véspera que sairá.

Ele disse que chegou a hora de Angelino Alfano, seu herdeiro político.

Do G1, com agências internacionais

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, anunciou nesta quarta-feira (9) que não vai concorrer no caso de eleições antecipadas. A informação foi dada em entrevista ao "La Stampa".
Berlusconi, que perdeu a maioria parlamentar na véspera, afirmou que vai renunciar assim que passar as leis orçamentárias de 2012, com alterações exigidas pelos parceiros europeus.
"Não voltarei a me apresentar e, além disso, me sinto livre", disse Berlusconi, de 75 anos.
Ele afirmou que chegou a hora de passar o posto para seu herdeiro político, Angelino Alfano.
O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, chega ao palácio presidencial do Quirinale nesta terça-feira (8) (Foto: AP)O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, chega ao palácio presidencial do Quirinale nesta terça-feira (8) (Foto: AP)
"Chegou a hora de Alfano, será nosso candidato, é realmente bom, melhor do que se pode pensar, e sua liderança foi aceita por todos", disse.
"Faço um apelo a todos, maioria e oposição, para que essas medidas sejam aprovadas o quanto antes, e depois apresentarei minha renúncia", disse.
"Mas, antes, precisamos dar respostas imediatas aos mercados. Não podemos esperar mais para adotar as medidas que decidimos; esse tem sido meu compromisso com a Europa e, antes de ir, quero cumpri-lo", disse.
Criticado por diferentes setores por sua incapacidade para manejar a crise - negada por ele até poucos dias atrás-, Berlusconi introduziu na semana passada uma emenda aos orçamentos de 2012 com as exigências feitas pela União Europeia para garantir a estabilidade financeira do país e tentar evitar que a crise contagie outros países da Zona do Euro.
A lei deve ser aprovada antes de 18 de novembro pelo Senado e antes do final do mês pela Câmara dos Deputados, segundo o calendário fixado. Mas esse cronograma poderia ser antecipado.
A renúncia de Berlusconi vinha sendo pedida nos últimos dias com insistência pela oposição de esquerda, assim como pelos sindicatos e pela federação de indústrias ante a delicada situação econômica da Itália, que vem sendo criticada pelos mercados devido a sua colossal dívida pública e ao crescimento nulo.
As pressões para que o multimilionário primeiro-ministro apresente sua renúncia foram reforçadas nesta terça-feira após a aprovação das Contas do Estado de 2010, na qual obteve a vitória, mas teve revelada a perda da maioria absoluta no Congresso, através da perda do apoio de uma dezena de seus próprios deputados.
As Contas do Estado foram aprovadas com apenas 308 votos, abaixo dos 316 necessários para compor a maioria absoluta. "Quero saber o nome dos traidores", disse Il Cavaliere após a votação, visivelmente nervoso.
Nos últimos dias, perdeu o apoio de 20 parlamentares de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), em meio a divisões sobre as reformas exigidas ao país pela União Europeia (UE).
Até o polêmico líder da Liga Norte, Umberto Bossi, aliado importante para a sobrevivência do governo, e que vinha garantindo a Berlusconi há três anos a maioria absoluta no Parlamento, pediu que ele renunciasse, antes da votação.
"É melhor que dê um passo atrás e proponha em seu lugar o secretário de seu partido PDL, Angelino Alfano", disse Bossi.
Berlusconi, de 75 anos e há 17 anos no meio político, esteve no poder nos últimos dez anos, com exceção do período 2006-2008.

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